terça-feira, 29 de setembro de 2009

Poeta da Semana - W. H. Auden

Em memoria de W.H. Auden que faleceu no dia 29 de Setembro de 1973. Correndo o risco de soar tetrica...so podemos desejar alguem, que no nosso funeral possa ter este sentimento.

domingo, 27 de setembro de 2009

T.S. Eliot - Preludes

T.S. Eliot enfrentou uma crise religiosa e espiritual durante a sua juventude. Alguns dos seu poemas, anteriores `a devocao ao crstianismo lidam com pessoas espiritualmente exaustas que existem na cidade moderna e impessoal. A poesia "Preludios" captura as vidas espirituais empobrecidades daqueles que vivem numa cultura decadente, solitaria e sordida. Aqui vos deixo a leitura do proprio T.S. Eliot.


sábado, 26 de setembro de 2009

Poeta da Semana - T.S. Eliot




Se falarmos de Thomas Stern Eliot, talvez poucos associem ao brilhante poeta americano T. S. Eliot. Foi laureado com o premio Nobel da Literatura em 1948 "pela contribuicao extraordinaria e pioneira para a poesia do presente". A sua primeira publicacao notavel, e ainda hoje o seu poema mais conhecido e' "The love song of J. Alfred Prufrock" Esta e' uma obra que retrata a vida interior de um homem de 50 anos, revelando a maturidade e profundidade de um T.S. Eliot ainda muito jovem. Esta poesia e' considerada como uma obra prima do modernismo. Seguidamente, T.S. publicou alguns dos poemas mais conhecidos da lingua inglesa: Gerontion, The Waste Land, The Hollow Men, Ash Wednesday, Olda Possum's Book of Practical Cats and Four Quartets. Apesar de ter uma producao reduzida a sua poesia produziu um impacto que perdura ate' aos dias de hoje.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Bocage - Auto-retrato

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno.

Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento
Inimigo de hipócritas, e frades.

Eis Bocage, em quem luz algum talento.
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou cagando ao vento.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Poeta da Semana - Manuel Maria Bocage

Nascido no dia 15 de Setembro de 1765, há 244 anos, foi possivelmente o maior representante do arcadismo lusitano, movimento literário cuja principal característica é a exaltação da Natureza e de tudo que lhe diz respeito. Integrou a Nova Arcádia em 1790, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades. Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia, Pina Manique, que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no calabouço da Inquisição, no Rossio, tendo ido depois para o Real Hospício das Necessidades. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor.A partir de 1801 e até à morte por aneurisma, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o n.º 25 da travessa André Valente.

É-lhe atribuída a frase: "quem tem c ú tem medo, e eu também posso errar" a propósito das poesias-canções que dedicou ao vice-rei do Rio de Janeiro com a intenção de cair nas suas boas graças e ali permanecer. Tendo vindo a descobrir a aversão a elogios do vice-rei, prosseguiu a sua viagem para a Índia, não sem antes exprimir a frase acima citada.

domingo, 30 de agosto de 2009

Nocturne - Eino Leino - a letra

I hear the evening cornbird calling.
Moonlight floods the fields of tasseled grain.
Wood smoke, drifting veils the distant valleys.
Summer evening's joy is here for me.
I'm not happy yet no sorrow shakes me,
but the dark woods stillness I would welcome.
Rosy clouds through which the day is falling,
sleepy breezes from the blue gray mountains,
shodows on the water, meadow flowers...
out of these my heart's own song I'll make!
I will sing it, summer hay-sweet maiden,
sing to you my deep serenity,
my own faith that sounds a swelling music,
oak-leaf garland ever fresh and green.
I'll no longer chase the will-o-wisp.
Happiness is here in my own keeping.
Day by day, life's circle narrows, closes.
Time stands still now ... weather cocks all sleeping.
Here before me lies a shadowy way
leading to a strange, an unknown place.

Nocturne - Eino Leino

Mesmo não percebendo a letra, fica-se com os estado de alma finlandês (uma homenagem a uma cara amiga).

sábado, 29 de agosto de 2009

Poeta da Semana - Eino Leino

Eino Leino nasceu em 1878 na Finlândia. É considerado como um dos pioneiros da literatura poética finlandesa. A sua poesia combina elementos modernos e tradicionais finlandeses, sendo que o seu estilo se aproxima das canções populares. A natureza, o amor e o desespero são temas frequentes no trabalho de Leino. Ele é amado e estudado em toda a Finlândia contemporânea.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Sapo - Paul Muldoon

Vem à mente como uma outra pequena
convulsão
entre os escombros.
O seu olho corresponde exatamente à bolha
ao nível do meu espírito.
Eu larguei martelo e formão
e vou levá-lo na espátula.

Toda a população da Irlanda
brota de um par deixado de repouso
durante a noite numa lagoa
nos jardins do Trinity College,
duas garrafas de vinho ali deixadas para refrigerar
após o Acto de União.

Há, certamente, nessa história
uma moral. A moral de nossos tempos.
E se eu o colocar na minha cabeça
e o apertar para fora dele,
como o suco de limão espremido na hora,
ou um sorvete de limão?

sábado, 20 de junho de 2009

Poeta da Semana - Paul Muldoon

Nascido no dia 20 de Junho de 1951, Paul Muldoon é um galardoado do prémio Pulitzer. Originário da Irlanda do norte, trabalha como investigador e professor na Universidade de Princeton. A sua poesia é conhecida pela sua dificuldade, alusão, uso casual de palavras obscuras ou arcaicas, duplas intenções e significados escondidos. Caracteriza-se ainda por uma grande habilidade métrica e rima descuidada.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Iscinta e scalza, con le trezze avvolte - Giovanni Boccaccio

Iscinta e scalza, con le trezze avvolte,
e d'uno scoglio in altro trapassando,
conche marine da quelli spiccando,
giva la donna mia con le altre molte.
E l'onde, quasi in sé tutte raccolte,
con picciol moto i bianchi piè bagnando,
innanzi si spingevan mormorandoe
ritraènsi iterando le volte.
E se tal volta, forse di bagnarsi
temendo, i vestimenti in su tirava,
sì ch'io vedeo più della gamba schiuso,
oh, quali avria veduto allora farsi,
chi rimirato avesse dov'io stava,
gli occhi mia vaghi di mirar più suso!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Poeta da Semana - Giovanni Boccaccio

Giovanni Boccaccio, nascido há 696 anos, no dia 16 de Junho, em Florença foi um autor e poeta italiano. Foi um importante humanista, autor de um número notável de obras, incluindo o Decamerão, uma obra visonária para a época, que tenho em casa para ler, mas ainda não tive coragem. Foi um estudioso da Comédia de Dante, ou como a denominava Boccaccio, A Divina Comédia, nome que a imortalizou.

sábado, 13 de junho de 2009

Aniversário de Fernando Pessoa

Hoje comemora-se o aniversário do nosso muito querido e muito grande pessoa, nascido há 122 anos, no dia de Santo António, em Lisboa. Em homenagem, aqui fica:

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Vou sobre o Oceano (o luar, de doce, enleva!) - António Nobre

Vou sobre o Oceano (o luar, de doce, enleva!)
Por este mar de Glória, em plena paz.
Terra da Pátria somem-se na treva,
Águas de Portugal ficam, atrás.

Onde vou eu? Meu fado onde me leva?
António, onde vais tu, doido rapaz?
Não sei. Mas o Vapor, quando se eleva,
Lembra o meu coração, na ânsia em que jaz.

Ó Lusitânia que te vais à vela!Adeus!
que eu parto (rezarei por ela)
Na minha Nau Catrineta, adeus!

Paquete, meu Paquete, anda ligeiro,
Sobe depressa à gávea, Marinheiro,
E grita, França! pelo amor de Deus!

Antonio Nobre, in Só

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Poezia do Outomno - António Nobre

Noitinha. O sol, qual brigue em chammas, morre
Nos longes d'agoa... Ó tardes de novena!
Tardes de sonho em que a poezia escorre
E os bardos, a sonhar, molham a penna!

Ao longe, os rios de agoas prateadas
Por entre os verdes cannaviaes, esguios,
São como estradas liquidas,
e as estradas Ao luar, parecem verdadeiros rios!

Os choupos nus, tremendo, arripiadinhos,
O chale pedem a quem vae passando...
E nos seus leitos nupciaes, os ninhos,
As lavandiscas noivam piando, piando!

O orvalho cae do céu, como um unguento.
Abrem as boccas, aparando-o, os goivos...
E a larangeira, aos repellões do vento,
Deixa cair por terra a flor dos noivos.

E o orvalho cae... E, á falta d'agoa, rega
O val sem fruto, a terra arida e nua!
E o Padre-Oceano, lá de longe, prega
O seu Sermão de Lagrymas, á Lua!

Tardes de outomno! ó tardes de novena!
Outubro! Mez de Maio, na lareira!
Tardes... Lá vem a Lua, gratiae plena,
Do convento dos céus, a eterna freira!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Poeta da Semana - António Nobre



António Nobre, poeta nascido em 1867, insere-se numa estética decadentista/simbolista, renovando o romantismo de Garrett e anunciando o modernismo de Sá-Carneiro. É figura dominante do grupo Boémia Nova. A tuberculose, que cedo o atacou, forçou-o a uma vida de peregrinação pela Suiça, Inglaterra e Madeira, acabando por morrer precocemente, em 1900, o que não impediu que o nome de António Nobre figura entre os grandes poetas da literatura portuguesa de todos os tempos, levando Fernando Pessoa a afirmar: "Ele foi o primeiro a pôr em europeu este sentimento português das almas e das coisas, que tem pena de que umas não sejam corpos, para lhes poder fazer festas, e de que outras não sejam gente, para poder falar com elas".

terça-feira, 2 de junho de 2009

LIvro para o mês de Junho de 2009

Apresentamos o livro para o mês de Junho de 2009.

Blink - Decidir num piscar de olhos

No espírito académico em que me encontro, vão perdoar-me por me afastar ligeiramente da literatura e debruçar-me sobre um livro de divulgação ciêntífica. Malcolm Gladwell é um jornalista britânico criado no Canadá, e que actualmente vive em Nova Iorque. É colunista da "The New Yorker" desde 1996. Em 2005, foi nomeado como uma das 100 pessoas mais influentes pela Time Maazine. É o autor de "The Tipping Point: How Little Things Make a Big Difference," (2000), "Blink: The Power of Thinking Without Thinking" (2005), "Outliers: a story of sucess" (2009), todos campeões de vendas d0 New York Times.

Blink! é um livro sobre as escolhas que parecem ser feitas instantaneamente — num piscar de olhos —, mas que realmente não são tão simples como parecem. Por que é que certas pessoas são decisoras brilhantes e outras se mostram sistematicamente inaptas para decidir? Por que é que há pessoas quenseguem os seus instintos e vencem, enquanto outras tropeçam sempre em erros de avaliação? Como é que será que o nosso cérebro realmente trabalha — no escritório, na sala de aula, na cozinha e no quarto? E por que é que, com frequência, as melhores decisões são aquelas que não se conseguem explicar? Baseado nas descobertas neurológicas e psicológicas mais recentes, e escrito de uma forma rigorosa e brilhante, Blink! muda o modo como compreendemos todas as nossas decisões.

Boas Leituras!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Bashô Matsuo - Poeta da Semana

Relvas de verão
sob as quais os guerreiros
sonham.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Bashô Matsuo - Poeta da Semana

A poesia haiku é simples e breve. Muitas vezes evoca a natureza para exprimir estados de alma. Introspectiva, confunde-se com uma simples pintura, tornando-se uma forma de arte quase primária.

Este caminho
Ninguém já o percorre,
Salvo o crepúsculo.

De que árvore florida
Chega? Não sei.
Mas é seu perfume.

Bashô Matsuo

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Poeta da Semana: Bashô Matsuo


Bashô Matsuo, viveu entre 1644 e 1694 no Japão. É considerado o primeiro e maior poeta japonês de haiku. Nasceu samurai e adoptou a simplicidade tanto na vida como na criação poética. Enriqueceu o haiku, superando a artificialidade de poetas anteriores e tornando-o artistica e socialmente aceite. A par de poemas de carácter lúdico, começou a valorizar o papel do pensamento no haiku, imprimindo-lhe o espírito do budismo zen.
Versátil, os seus poemas sugeriam os mais variados estados de espírito: humor, depressão, euforia, confusão,... permitindo uma consciência da grandiosidade da natureza ( física e humana ).

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Virá a morte e terá os teus olhos - Cesare Pavese

Virá a morte e terá os teus olhos-
Esta morte que nos acompanha
da manhã à noite, insone,
surda como um velho remorso
ou um vício absurdo. Os teus olhos
serão uma palavra vã, um grito calado, um silêncio.
Assim os vês todas as manhãs
quando te debruças sobre o espelho. Oh cara esperança,
naquele dia saberemos também nós
que és a vida e és o nada.
Para todos a morte tem um olhar
Virá a morte e terá os teus olhos
Será como deixar um vício
como ver num espelho
ressurgir uma face morta,
como escutar um lábio fechado.
Desceremos no remoinho mudos.

Verrà la morte e avrà i tuoi occhi-
Questa morte che ci accompagna
dal mattino alla sera, insonne,
sorda, come un vecchio rimorso
o un vizio assurdo. I tuoi occhi
saranno una vana parola,un grido taciuto, un silenzio.
Così li vedi ogni mattina
quando su te sola ti pieghi
nello specchio. O cara speranza,
quel giorno sapremo anche noi
che sei la vita e sei il nulla. Per tutti la morte ha uno sguardo.
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi.
Sarà come smettere un vizio,
come vedere nello specchio
riemergere un viso morto,
come ascoltare un labbro chiuso.
Scenderemo nel gorgo muti.
(di Cesare Pavese, 22 marzo 1950)

domingo, 17 de maio de 2009

Tu és como uma terra - Cesare Pavese

Tu és como uma terra
que nunca ninguém disse.
Tu não esperas nada
se não a palavra
que brotará do fundo
como um fruto entre os ramos.
Há um vento que te atinge.
Coisas secas e mortas
estorvam e vão com o vento.
Fragmentos e palavras antigas
Tu tremes no Verão.

Poeta da Semana - Cesare Pavese


Reparei que neste blog ainda só tinha mencionado poetas anglofonos e lusos. Ora, querendo desfazer esta tremenda injustiça para com a poesia mediterrânea, esta semana recomendo a poesia de Cesare Pavese. Cesare Pavese nasceu na região de Torino em 1908 e na sua breve vida deixou um legado poético notável. A traição, a solidão e a fugacidade das relações humanas são temas que marcam a obra deste autor.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Há dias assim

Há dias em que acordamos com vontade de Pessoa.

Dormir! Não Ter desejos nem 'speranças

Dormir! Não Ter desejos nem 'speranças ~
Flutua branca a única nuvem lenta
E na azul quiescência sonolenta
A deusa do não-ser tece ambas as tranças.

Maligno sopro de árdua quietude
Perene a fronte e os olhos aquecidos,
E uma floresta-sonho de ruídos
Ensombra os olhos mortos de virtude.

Ah, não ser nada conscientemente!
Prazer ou dor? Torpor o traz e alonga,
E a sombra conivente se prolonga
No chão interior, que à vida mente.

Desconheço-me. Embrenha-me futuro,
Nas veredas sombrias do que sonho.
E no ócio em que diverso me suponho,
Vejo-me errante, demorado e obscuro.

Minha vida fecha-se como um leque.
Meu pensamento seca como um vago
Ribeiro no verão . Regresso , e trago
Nas mão flores que a vida prontas seque.

Incompreendida vontade absorta
Em nada querer... Prolixo afastamento
Do escrúpulo e da vida no momento...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Livro para o mês de Maio de 2009



Livro para o mês de Maio de 2009


Depois desta ausência prolongada, voltamos ao livro do mês. Desta vez proponho o livro:




Comboio nocturno para Lisboa, Pascal Mercier




Pascal Mercier, pseudónimo literario de Peter Bieri, publica em 2004 este romance que permanceu durante 140 semanas na lista dos livros mais vendidos na Alemanha. A história centra-se na viagem física e psicológica de um professor de linguas clássicas suiço. Como o próprio autor define, "história de um homem que tenta entender outro homem". Peter Bieri, filósofo, desenvolveu investigação na área da filosofia do tempo e da mente; epistemologia e ética. A sua incursão na literatura dá origem a esta história, que é uma reflexão sobre os instantes que levam o homem a mudar o rumo da sua vida.

Do que li, certamente este livro é duplamente interessante: em primeiro porque revisita uma Lisboa que nós conhecemos bem através do olhar de um estrangeiro e segundo porque nos proporciona uma reflexão sobre o significado das decisões na vida.

Boas Leituras!

sexta-feira, 13 de março de 2009

The Love Song of J. Alfred Prufrock - T.S. Eliot

Esta poesia é um bocadinho longa, mas é tão bonita, que não resisti.



The Love Song of J. Alfred Prufrock
by T S Eliot

S’io credesse che mia risposta fosse
A persona che mai tornasse al mondo,
Questa fiamma staria senza piu scosse.
Ma perciocche giammai di questo fondo
Non torno vivo alcun, s’i’odo il vero,
Senza tema d’infamia ti rispondo.


Let us go then, you and I,
When the evening is spread out against the sky
Like a patient etherised upon a table;
Let us go, through certain half-deserted streets,
The muttering retreats
Of restless nights in one-night cheap hotels
And sawdust restaurants with oyster-shells:
Streets that follow like a tedious argument
Of insidious intent
To lead you to an overwhelming question…
Oh, do not ask, “What is it?”
Let us go and make our visit.

In the room the women come and go
Talking of Michelangelo.

The yellow fog that rubs its back upon the window-panes,
The yellow smoke that rubs its muzzle on the window-panes
Licked its tongue into the corners of the evening,
Lingered upon the pools that stand in drains,
Let fall upon its back the soot that falls from chimneys,
Slipped by the terrace, made a sudden leap,
And seeing that it was a soft October night,
Curled once about the house, and fell asleep.

And indeed there will be time
For the yellow smoke that slides along the street,
Rubbing its back upon the window-panes;
There will be time, there will be time
To prepare a face to meet the faces that you meet;
There will be time to murder and create,
And time for all the works and days of hands
That lift and drop a question on your plate;
Time for you and time for me,
And time yet for a hundred indecisions,
And for a hundred visions and revisions,
Before the taking of a toast and tea.

In the room the women come and go
Talking of Michelangelo.

And indeed there will be time
To wonder, “Do I dare?” and, “Do I dare?”
Time to turn back and descend the stair,
With a bald spot in the middle of my hair
[They will say: “How his hair is growing thin!”]
My morning coat, my collar mounting firmly to the chin,
My necktie rich and modest, but asserted by a simple pin
[They will say: “But how his arms and legs are thin!”]
Do I dare
Disturb the universe?
In a minute there is time
For decisions and revisions which a minute will reverse.

For I have known them all already, known them all:
Have known the evenings, mornings, afternoons,
I have measured out my life with coffee spoons;
I know the voices dying with a dying fall
Beneath the music from a farther room.
So how should I presume?

And I have known the eyes already, known them all
The eyes that fix you in a formulated phrase,
And when I am formulated, sprawling on a pin,
When I am pinned and wriggling on the wall,
Then how should I begin
To spit out all the butt-ends of my days and ways?
And how should I presume?

And I have known the arms already, known them all
Arms that are braceleted and white and bare
[But in the lamplight, downed with light brown hair!]
It is perfume from a dress
That makes me so digress?
Arms that lie along a table, or wrap about a shawl.
And should I then presume?
And how should I begin?

Shall I say, I have gone at dusk through narrow streets
And watched the smoke that rises from the pipes
Of lonely men in shirt-sleeves, leaning out of windows?…

I should have been a pair of ragged claws
Scuttling across the floors of silent seas.

And the afternoon, the evening, sleeps so peacefully!
Smoothed by long fingers,
Asleep… tired… or it malingers,
Stretched on the floor, here beside you and me.
Should I, after tea and cakes and ices,
Have the strength to force the moment to its crisis?
But though I have wept and fasted, wept and prayed,
Though I have seen my head (grown slightly bald) brought in upon a platter,
I am no prophet and here’s no great matter;
I have seen the moment of my greatness flicker,
And I have seen the eternal Footman hold my coat, and snicker,
And in short, I was afraid.

And would it have been worth it, after all,
After the cups, the marmalade, the tea,
Among the porcelain, among some talk of you and me,
Would it have been worth while,
To have bitten off the matter with a smile,
To have squeezed the universe into a ball
To roll it toward some overwhelming question,
To say: “I am Lazarus, come from the dead,
Come back to tell you all, I shall tell you all”
If one, settling a pillow by her head,
Should say: “That is not what I meant at all.
That is not it, at all.”

And would it have been worth it, after all,
Would it have been worth while,
After the sunsets and the dooryards and the sprinkled streets,
After the novels, after the teacups, after the skirts that trail along the floor
And this, and so much more?
It is impossible to say just what I mean!
But as if a magic lantern threw the nerves in patterns on a screen:
Would it have been worth while
If one, settling a pillow or throwing off a shawl,
And turning toward the window, should say:
“That is not it at all,
That is not what I meant, at all.”

No! I am not Prince Hamlet, nor was meant to be;
Am an attendant lord, one that will do
To swell a progress, start a scene or two,
Advise the prince; no doubt, an easy tool,
Deferential, glad to be of use,
Politic, cautious, and meticulous;
Full of high sentence, but a bit obtuse;
At times, indeed, almost ridiculous
Almost, at times, the Fool.

I grow old… I grow old…
I shall wear the bottoms of my trousers rolled.

Shall I part my hair behind? Do I dare to eat a peach?
I shall wear white flannel trousers, and walk upon the beach.
I have heard the mermaids singing, each to each.

I do not think that they will sing to me.

I have seen them riding seaward on the waves
Combing the white hair of the waves blown back
When the wind blows the water white and black.

We have lingered in the chambers of the sea
By sea-girls wreathed with seaweed red and brown
Till human voices wake us, and we drown.

Ausência

A todos os que seguem este blog as minhas desculpas pela ausência prolongada. A minha viagem para Boston ocupou-me o tempo e o espírito e nem sequer actualizei as minhas leituras. Entretanto encontro-me na Universidade de Harvard e como tal decidi deixar-vos como sugestão de poeta da semana um antigo aluno desta casa: T. S. Eliot.
Boas leituras !

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Poeta da Semana - Emily Dickinson

"Nasceu em 10 de dezembro de 1830, na pequena cidade de Amherst, perto de Boston, no estado de Massachusetts, uma das regiões de raízes mais puritanas e conservadoras dos Estados Unidos, e morreu no mesmo local em 15 de maio de 1886. Tendo vivido e produzido à margem dos círculos literários de seu tempo, solteira por convicção e auto-exilada dentro de casa por mais de vinte anos, Emily Dickinson não chegou a publicar os seus versos, por não se submeter aos rígidos padrões de discrição e singeleza que se esperava então de uma mulher. Sua voz era uma voz estranha em meio às tímidas dicções poéticas da época, e por essa razão ela teve de encarar em vida a rejeição de seu labor poético."

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Cartas de Amor - O Anti-S.Valentim!

Todas as cartas de amor são ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras, ridículas.

As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser ridículas.

Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram

Cartas de amor

É que são ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso

Cartas de amor ridículas.

A verdade é que hoje

As minhas memórias

Dessas cartas de amor

É que são ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmente ridículas.)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Livro para o mês de Fevereiro de 2009





Apresentamos o livro do Clube das Letras para o mês de Fevereiro de 2009:




Pastoral Americana, Philip Roth

Este mês escolhi um livro que eu própria não li, tal como nunca li nada de Philip Roth. O seu reconhecimento é generalizado, sendo um dos mais importantes escritores americanos contemporâneos.

Philip Roth nasceu em Newark em 1933 e prosseguiu durante a maior parte da sua vida uma carreira académica, ensinando literatura e escrita criativa em várias universidades.
Roth é um dos escritores americanos mais premiados, sendo que o livro que aqui vos recomendo foi reconhecido com o Prémio Pulitzer em 1997.

O livro, Pastoral Americana, descreve a vida de uma estrela do desporto de Newark, Swede Levov e a tragédia que este vive quando a sua filha adolescente se transforma numa terrorista. no final dos anos 60.


Boas Leituras!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sylvia Plath - Ariel

Enquanto procurava imagens do filme "Sylvia" no youtube, encontrei esta gravação do poema "Ariel" dito pela própria Sylvia Plath.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sylvia

O filme Sylvia de 2003 é um retrato fiel da vida e obra de Sylvia Plath, Gwyneth Paltrow encarna o espírito atormentado da poetisa. Acompanhada por um Daniel Craig no papel de Ted Hughes, um pouco menos convincente, a dinâmica do casal permite-nos compreender a angústia profunda de Plath no final da sua vida.
Aqui fica a cena inicial:

Sylvia Plath - O Espelho

Picasso, Girl Before a Mirror



Sou prateado e exacto. Não tenho preconceitos.
O que vês engulo de imediato
Tal como é, desembaciado de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente verdadeiro —
O olho de um pequeno Deus, de quatro cantos.
O tempo todo reflicto sobre a parede em frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto tempo
Que a sinto parte do meu coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.
Agora sou um lago.
Uma mulher inclina-se sobre mim,
Buscando nos meus domínios o que realmente é.
Mas logo se volta para aquelas mentirosas, as velas e a lua.
Vejo suas costas e as reflicto-a fielmente.
Ela recompensa-me com lágrimas e agitação de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã a sua face substitui a escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha
Cresce para ela dia após dia como um peixe horrendo.

in Ariel, 1965

O poeta da Semana - Sylvia Plath (1932-1962)



A poesia foi desde sempre um campo feminino, embora, tal como nas restantes áreas literárias, sejam relativamente poucos os nomes de poetisas que permaneceram na memória dos tempos. Sylvia Plath, apesar da sua morte prematura deixou uma marca indelével no espectro poético americano da década de 50/60.

Nascida em Boston, em Outubro de 1932, desde cedo demonstrou sensibilidade e a inteligência. O seu sucesso escolar era impressionante e devia-se sobretudo à busca da perfeição em tudo o que fazia. Depois de publicar o seu primeiro poema com a idade de 8 anos, nunca mais deixou de acrescentar a sua obra, tendo escrito mais de quatrocentos poemas durante a sua estadia na universidade
No entanto, a perfeição superficial de Sylvia escondia problemas pessoais graves, em grande parte relacionados com a morte do seu pai. Estes problemas originaram uma tentativa de suicídio aos dezoito anos (experiência que descreve na novela autobiográfica “The Bell Jar”. Depois de um período de recuperação numa instituição psiquiátrica, Sylvia retoma o seu sucesso e termina os estudos, obtendo mesmo uma bolsa para estudar em Cambridge, na Inglaterra.
Em 1956 casa com o poeta ingles Ted Hughes, e, em 1960 publica o seu primeiro livro. Os poemas deste livro revelam uma precisão milimétrica e a dedicação que a poetisa dedicou à sua aprendizagem. No entanto, dão apenas uma ténue imagem da poesia que viria a escrever durante os anos seguintes.
Após a ruptura do seu casamento e com dois filhos, Sylvia instala-se em Londres. A dureza da vida que leva aumentam a necessidade de escrever, chegando a produzir um poema por dia durante este período. O suicídio, palpável nas suas últimas obras acontece no dia 11 de Fevereiro de 1963. Dois anos mais tarde, Ted Hughes edita os seus últimos poemas nas colectâneas: Ariel, Atravessando a água e Árvores de Inverno.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Escola de escrita criativa


Em sequência do desafio de escrita deixo aqui uma sugestão que descobri a semana passada enquanto me passeava pelo Chiado: na Praça Luís de Camões, em Lisboa existe uma escola de escrita criativa (Escrever Escrever). Nesta organizam-se cursos de escrita criativa de duração mensal. Para exemplificar, este mês a escola oferece um curso de "Escrita para crianças" e um curso de "Guionismo - Escrever uma curta metragem", entre outros. O site da escola é www.escreverescrever.com, e lá se encontram todas as informações (preços, horários, duração).
O único senão é ser um pouquito pesado para o bolso, especialmente em época de crise, mas a organização anuncia facilidades de pagamento para quem frequentar mais do que um curso. E não é que Lisboa se vai modernizando pouco a pouco?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Edgar Allan Poe - 2º centenário




Ontem comemorou-se o segundo centenário do escritor Edgar Allan Poe, um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas. Algumas das suas novelas são das primeiras obras reconhecidas como policiais.
Poe escreveu tendencialmente histórias de terror com um estilo gótico, sendo temas recorrentes a morte, a decomposição do corpo e o luto. A sua obra pode ser classificada como romantismo negro.
Além do horror, Poe também escreveu sátiras, usando a ironia e a extravagância do ridículo, na tentativa de libertar os leitores da conformidade cultural.
A sua influência na literatura e cinematografia de horror é notória, sendo frequentes as referências de Hitchcock e Stephen King ao trabalho do mestre Edgar. O escritor explora sentimentos primários dos seus leitores, como o medo, o nojo e a ansiedade, tal como pode ser observado no excerto seguinte do conto "O gato preto":

"Seria insensato falar dos meus pensamentos. Senti-me desfalecer e encostei-me à parede da frente. Tolhidos pelo terror e pela surpresa, os agentes que subiam a escada detiveram-se por instantes. Logo a seguir, doze braços vigorosos atacavam a parede. Esta caiu de um só golpe. O cadáver, já bastante decomposto e coberto de pastas de sangue, apareceu ereto frente aos circunstantes. Sobre a cabeça, com a vermelha goela dilatada e o olho solitário chispando, estava o odioso gato cuja astúcia me compelira ao crime e cuja voz delatora me entregava ao carrasco. Eu tinha emparedado o monstro no túmulo!"

1º Desafio de escrita

O tema do 1º desafio de escrita é:

Águas passadas não movem moinhos.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Desafio de escrita do Clube das Letras

Nas resoluções do Novo Ano, normalmente encontra-se uma que diz respeito à trilogia árvore/filho/livro. Muitos de nós já pensámos que se José Rodrigues dos Santos consegue escrever um romance, então também nós podemos ser escritores. Então o que nos falta? Antes de nos apressarmos a dizer que o que nos falta é o talento pensei que poderíamos fazer uma lista das coisas necessárias a um escritor/romancista:
  1. Caneta/lápis/pena/máquina de escrever/computador
  2. Bloco de notas (o Moleskine está na moda, eu cá prefiro aqueles caderninhos pretos do tempo das nossas avós e que encontram na loja dos trezentos)
  3. Ideias
  4. Tempo
  5. Espírito observador e crítico
  6. Originalidade.
O material de escrita não deve ser coisa difícil de encontrar. Como disse, qualquer loja dos trezentos ou bazar chinês possui uma secção dedicada a tudo o que é lápis, apara lápis, borrachas, cadernos, canetas e afins. Já o espírito observador e crítico e a originalidade, não é coisa que se compre no bazar chinês (sobretudo a originalidade! ali tudo é copiado de algo com muito maior qualidade!) e portanto não nos vamos, por enquanto, preocupar com os ditos requisitos.
Concentremo-nos pois no Tempo. Vivemos com permanente falta de tempo. O que é esquisito uma vez que o tempo é sempre o mesmo dos nossos avós e eu não me lembro de a minha avó ter falta de tempo. O grande problema da vida actual são as solicitações. Hoje não escrevo porque tenho de arranjar as unhas dos pés; hoje não escrevo porque há três dias que não vou ao ginásio; hoje não escrevo porque tenho de ir jantar fora.
Correndo o risco de ser banalíssima: escrever pode ser em qualquer lado, em qualquer ocasião, basta vontade e é isso que os escritores mais têm!
Enquanto fervem a àgua, durante a sesta das crianças, no comboio, nos momentos verdes...Há só que aproveitar!
Finalmente, para quem se queixa de falta de ideias (a vossa presente amiga, incluída), pensei abrir este espaço do blog "DESAFIO DE ESCRITA" para lançar uma ideia. Mensalmente, para vós e para mim, deixarei o desafio.
Já não há desculpas!!!

Literatura à distância de um clique...

Nesta era em que se passa grande parte do dia num escritório não há nada melhor do que usar aqueles "momentos verdes" para deambular por entre as páginas da Internet que nos interessam mais. No meu caso, visito normalmente sites que tenham tudo menos questões de economia, pela óbvia razão de ser economista. Numa dessas deambulações encontrei este site: http://www.portaldaliteratura.com/. Os autores assumem que o dito "ambiciona ser um ponto de encontro entre quem gosta de escrever e quem gosta de ler ou ainda de quem gosta de ambas as coisas". Estão vocês a pensar: eu cá também ambiciono escrever como o Saramago, e no entanto até a lista do supermercado coloca dificuldades. Pois é, mas estes senhores apresentam-nos um site bem pensado, cheio de novidades e com o que de melhor se vai publicando em Portugal. Vale mesmo a pena.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Jacques Prévert - O amor

Imenso e vermelho

Imenso e vermelho
Por cima do Grand Palais
O sol de Inverno aparece
E desaparece
Tal como ele o meu coração vai desaparecer
E todo o meu sangue irá
Irá à tua procura
Meu amor
Minha beleza
E te encontrará
Lá onde tu estiveres.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Jacques Prévert - A guerra e a violência

O Ministro da Guerra:
Continuo.
Um hospital destruído: dez, cem -
e eu sou modesto -
podem ser reconstruídos
E a lei passou por unanimidade
a noite caiu,
o hospital saltou com uns bocados do quarteirão.
O dia nasce sobre a cidade
onde o riso a diminui, se dissipa e desaparece.
Tudo se torna grave.
A vida, como a Bolsa retoma o seu curso
e a mobilização geral continua normalmente.
in, Paroles, 1947

domingo, 11 de janeiro de 2009

O poeta da semana - Jacques Prévert (1900 - 1977)

O cavalo vermelho

Nos passeios da mentira
O cavalo vermelho do teu sorriso
Gira
E eu estou de pé plantado
Com o triste chicote da realidade
E não tenho nada a dizer
O teu sorriso é tão verdadeiro
Como as minhas quatro verdades.




Jacques Prévert





Nasceu em França em 1900 numa família de intelectuais. O seu pai, crítico de teatro, coloca-o desde cedo em contacto com a arte e a sua mãe incute-lhe o gosto pela leitura. Em 1925, depois de terminar os estudos e ter feito o serviço militar, participa do movimento surrealista , junto com seu grupo, formado por Marcel Duhamel, Raymond Queneau e Yves Tanguy. Deste período ficar-lhe-ão alguns traços surreais na poesia que escreve durante a sua vida.
Começa por ser argumentista tendo escrito grandes filmes franceses realizados entre 1935 e 1945. Escreve também letras de canções e peças de teatro. Em 1946 publica o seu primeiro livro de poesia – Paroles, um sucesso de vendas, mas um fracasso junto da crítica. Apesar disso, Prévert torna-se um grande poeta popular, graças à sua linguagem familiar, seu senso de humor, seus hinos à liberdade e os jogos de palavras. Os seus temas mais comuns são a religião, o amor, a tristeza, a beleza simples, a violência e a guerra e os pássaros.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Bibliotecas Públicas

No meu último post falei sobre a economia dos livros. A economia dos livros, como a outra mais generalizada, está em crise. Ora, como acho que não adianta "chover no molhado" e repisar a questão, decidi apresentar a solução para a crise. Portugal tem uma riqueza que por vezes ignoramos: as pessoas e os seu projectos. E há pessoas cujo projecto é o de divulgar e generalizar a leitura. Estas pessoas são responsáveis pela existência de dezenas de Bibliotecas públicas em cada distrito do nosso estimado país. A sério, é só dar uma olhadela ao site http://bibliotecas.wetpaint.com/ e lá estão todas as nossas bibliotecas. Para ser membro apenas têm de levar apresentar o bilhete de identidade e um comprovativo de morada. É fácil e grátis.
Já agora as bibliotecas não têm só livros; têm CD's e Filmes que podem ser requisitados tal como os livros e secções especiais para crianças. E tudo mesmo grátis!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A economia dos livros

Os livros em Portugal são caros. Não é uma opinião. É um facto.
Os livros em Portugal são grandes de capa grossa e cores vivas.
São caros e grandes.
Pesam no bolso e na mala, mas ficam lindos na estante.
Os livros em Portugal são caros, lindos e decorativos.
Os livros em Inglaterra.
Os livros em Inglaterra são baratos.
São baratos e existem em formato de bolso.
Não pesam no bolso e cabem no bolso.
Os livros em Inglaterra são baratos e pequenos.
E as pessoas lêm-nos, no comboio, no metro, na cantina.
Quando se chega ao fim parecem um farrapo. Não ficam bem na estante.
Pelo menos não ficam bem numa estante portuguesa de livros grandes, caros e perfeitos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Livro para o mês de Janeiro de 2009


Apresentamos o livro do Clube das Letras para o mês de Janeiro de 2009:


Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago,


Publicado em 1995, três anos antes de José Saramago ser laureado com o Prémio Nobel da Literatura, o "Ensaio sobre a Cegueira" é uma das obras mais lidas do autor. Na apresentação pública do livro, Saramago afirma:

"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
Sendo o nono romance do autor, é marcante por ter dado início a uma nova fase na escrita de Saramago, em que os enredos deixam de se desenrolar em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam. Em Ensaio sobre a Cegueira, as personagens deixam de ter nomes próprios, são tipos sociais, o médico, o velho, a mulher do médico, o rapazinho estrábico. Representantes aparentemente aleatórios de uma sociedade decadente.

Saramago assume-se assim como um escritor que escreve com a esperança de melhorar as condições do mundo. Extremamente crítico da sociedade actual, os seus romances mais recentes e o "Ensaio sobre a Cegueira" em particular, desconstroem a estrutura social de forma a demonstrar a sua fragilidade. Neste romance, uma praga de cegueira afecta a população, sem que se descubram as causas ou meios de contágio. A destruição da sociedade é inevitável.

Saramago explora com maestria os temas do medo, exclusão social, lealdade, dependência e fragilidade da vida humana, conduzindo o leitor por um turbilhão de emoções. As personagens movimentam-se num contexto de destruição progressiva da sociedade que conhecem. A luta pela sobrevivência confude-se com a luta para criar laços e a busca do significado da vida fora das estruturas politico-economicas vigentes.

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara"


Bem vindos ao Clube das Letras

Caros leitores,

Decidi criar este blog com o objectivo de reunir pessoas interessadas em trocar impressões e sugestões sobre livros e leituras. É um blog aberto a todos os géneros literários, e todas as formas de escrita; a autores nacionais e estrangeiros. É também um blog aberto a todos os que queiram divulgar a sua escrita, contos, cartas, pensamentos. Em cada mês sugerirei uma leitura e lançarei um desafio de escrita e ficarei ansiosa pelas vossas reacções.
Saudações literárias
F.