segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Sapo - Paul Muldoon

Vem à mente como uma outra pequena
convulsão
entre os escombros.
O seu olho corresponde exatamente à bolha
ao nível do meu espírito.
Eu larguei martelo e formão
e vou levá-lo na espátula.

Toda a população da Irlanda
brota de um par deixado de repouso
durante a noite numa lagoa
nos jardins do Trinity College,
duas garrafas de vinho ali deixadas para refrigerar
após o Acto de União.

Há, certamente, nessa história
uma moral. A moral de nossos tempos.
E se eu o colocar na minha cabeça
e o apertar para fora dele,
como o suco de limão espremido na hora,
ou um sorvete de limão?

sábado, 20 de junho de 2009

Poeta da Semana - Paul Muldoon

Nascido no dia 20 de Junho de 1951, Paul Muldoon é um galardoado do prémio Pulitzer. Originário da Irlanda do norte, trabalha como investigador e professor na Universidade de Princeton. A sua poesia é conhecida pela sua dificuldade, alusão, uso casual de palavras obscuras ou arcaicas, duplas intenções e significados escondidos. Caracteriza-se ainda por uma grande habilidade métrica e rima descuidada.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Iscinta e scalza, con le trezze avvolte - Giovanni Boccaccio

Iscinta e scalza, con le trezze avvolte,
e d'uno scoglio in altro trapassando,
conche marine da quelli spiccando,
giva la donna mia con le altre molte.
E l'onde, quasi in sé tutte raccolte,
con picciol moto i bianchi piè bagnando,
innanzi si spingevan mormorandoe
ritraènsi iterando le volte.
E se tal volta, forse di bagnarsi
temendo, i vestimenti in su tirava,
sì ch'io vedeo più della gamba schiuso,
oh, quali avria veduto allora farsi,
chi rimirato avesse dov'io stava,
gli occhi mia vaghi di mirar più suso!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Poeta da Semana - Giovanni Boccaccio

Giovanni Boccaccio, nascido há 696 anos, no dia 16 de Junho, em Florença foi um autor e poeta italiano. Foi um importante humanista, autor de um número notável de obras, incluindo o Decamerão, uma obra visonária para a época, que tenho em casa para ler, mas ainda não tive coragem. Foi um estudioso da Comédia de Dante, ou como a denominava Boccaccio, A Divina Comédia, nome que a imortalizou.

sábado, 13 de junho de 2009

Aniversário de Fernando Pessoa

Hoje comemora-se o aniversário do nosso muito querido e muito grande pessoa, nascido há 122 anos, no dia de Santo António, em Lisboa. Em homenagem, aqui fica:

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Vou sobre o Oceano (o luar, de doce, enleva!) - António Nobre

Vou sobre o Oceano (o luar, de doce, enleva!)
Por este mar de Glória, em plena paz.
Terra da Pátria somem-se na treva,
Águas de Portugal ficam, atrás.

Onde vou eu? Meu fado onde me leva?
António, onde vais tu, doido rapaz?
Não sei. Mas o Vapor, quando se eleva,
Lembra o meu coração, na ânsia em que jaz.

Ó Lusitânia que te vais à vela!Adeus!
que eu parto (rezarei por ela)
Na minha Nau Catrineta, adeus!

Paquete, meu Paquete, anda ligeiro,
Sobe depressa à gávea, Marinheiro,
E grita, França! pelo amor de Deus!

Antonio Nobre, in Só

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Poezia do Outomno - António Nobre

Noitinha. O sol, qual brigue em chammas, morre
Nos longes d'agoa... Ó tardes de novena!
Tardes de sonho em que a poezia escorre
E os bardos, a sonhar, molham a penna!

Ao longe, os rios de agoas prateadas
Por entre os verdes cannaviaes, esguios,
São como estradas liquidas,
e as estradas Ao luar, parecem verdadeiros rios!

Os choupos nus, tremendo, arripiadinhos,
O chale pedem a quem vae passando...
E nos seus leitos nupciaes, os ninhos,
As lavandiscas noivam piando, piando!

O orvalho cae do céu, como um unguento.
Abrem as boccas, aparando-o, os goivos...
E a larangeira, aos repellões do vento,
Deixa cair por terra a flor dos noivos.

E o orvalho cae... E, á falta d'agoa, rega
O val sem fruto, a terra arida e nua!
E o Padre-Oceano, lá de longe, prega
O seu Sermão de Lagrymas, á Lua!

Tardes de outomno! ó tardes de novena!
Outubro! Mez de Maio, na lareira!
Tardes... Lá vem a Lua, gratiae plena,
Do convento dos céus, a eterna freira!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Poeta da Semana - António Nobre



António Nobre, poeta nascido em 1867, insere-se numa estética decadentista/simbolista, renovando o romantismo de Garrett e anunciando o modernismo de Sá-Carneiro. É figura dominante do grupo Boémia Nova. A tuberculose, que cedo o atacou, forçou-o a uma vida de peregrinação pela Suiça, Inglaterra e Madeira, acabando por morrer precocemente, em 1900, o que não impediu que o nome de António Nobre figura entre os grandes poetas da literatura portuguesa de todos os tempos, levando Fernando Pessoa a afirmar: "Ele foi o primeiro a pôr em europeu este sentimento português das almas e das coisas, que tem pena de que umas não sejam corpos, para lhes poder fazer festas, e de que outras não sejam gente, para poder falar com elas".

terça-feira, 2 de junho de 2009

LIvro para o mês de Junho de 2009

Apresentamos o livro para o mês de Junho de 2009.

Blink - Decidir num piscar de olhos

No espírito académico em que me encontro, vão perdoar-me por me afastar ligeiramente da literatura e debruçar-me sobre um livro de divulgação ciêntífica. Malcolm Gladwell é um jornalista britânico criado no Canadá, e que actualmente vive em Nova Iorque. É colunista da "The New Yorker" desde 1996. Em 2005, foi nomeado como uma das 100 pessoas mais influentes pela Time Maazine. É o autor de "The Tipping Point: How Little Things Make a Big Difference," (2000), "Blink: The Power of Thinking Without Thinking" (2005), "Outliers: a story of sucess" (2009), todos campeões de vendas d0 New York Times.

Blink! é um livro sobre as escolhas que parecem ser feitas instantaneamente — num piscar de olhos —, mas que realmente não são tão simples como parecem. Por que é que certas pessoas são decisoras brilhantes e outras se mostram sistematicamente inaptas para decidir? Por que é que há pessoas quenseguem os seus instintos e vencem, enquanto outras tropeçam sempre em erros de avaliação? Como é que será que o nosso cérebro realmente trabalha — no escritório, na sala de aula, na cozinha e no quarto? E por que é que, com frequência, as melhores decisões são aquelas que não se conseguem explicar? Baseado nas descobertas neurológicas e psicológicas mais recentes, e escrito de uma forma rigorosa e brilhante, Blink! muda o modo como compreendemos todas as nossas decisões.

Boas Leituras!