sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Livro para o mês de Janeiro de 2009


Apresentamos o livro do Clube das Letras para o mês de Janeiro de 2009:


Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago,


Publicado em 1995, três anos antes de José Saramago ser laureado com o Prémio Nobel da Literatura, o "Ensaio sobre a Cegueira" é uma das obras mais lidas do autor. Na apresentação pública do livro, Saramago afirma:

"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
Sendo o nono romance do autor, é marcante por ter dado início a uma nova fase na escrita de Saramago, em que os enredos deixam de se desenrolar em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam. Em Ensaio sobre a Cegueira, as personagens deixam de ter nomes próprios, são tipos sociais, o médico, o velho, a mulher do médico, o rapazinho estrábico. Representantes aparentemente aleatórios de uma sociedade decadente.

Saramago assume-se assim como um escritor que escreve com a esperança de melhorar as condições do mundo. Extremamente crítico da sociedade actual, os seus romances mais recentes e o "Ensaio sobre a Cegueira" em particular, desconstroem a estrutura social de forma a demonstrar a sua fragilidade. Neste romance, uma praga de cegueira afecta a população, sem que se descubram as causas ou meios de contágio. A destruição da sociedade é inevitável.

Saramago explora com maestria os temas do medo, exclusão social, lealdade, dependência e fragilidade da vida humana, conduzindo o leitor por um turbilhão de emoções. As personagens movimentam-se num contexto de destruição progressiva da sociedade que conhecem. A luta pela sobrevivência confude-se com a luta para criar laços e a busca do significado da vida fora das estruturas politico-economicas vigentes.

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara"


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